“ A Casa de Papel” catarinense

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Cerca de 30 criminosos atacaram uma agência do Banco do Brasil no centro da cidade, usando armas de grosso calibre e dezenas de quilos de explosivos. Ninguém foi preso.


 


Em entrevista coletiva no final da tarde desta terça-feira (1º), o Instituto Geral de Perícias (IGP) informou que nove dos 10 carros usados pelos criminosos na fuga do assalto em Criciúma, no Sul catarinense, eram blindados e que os veículos foram pintados de preto para camuflar. O roubo ocorreu no final da noite de segunda (30) e primeiras horas da madrugada desta terça.


 


Houve reféns e troca de tiros. Um policial militar ficou ferido e precisou passar por cirurgias. Ninguém havia sido preso até a publicação desta notícia.


 


Segundo o delegado Anselmo Cruz, da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), pode haver catarinenses envolvidos na ação, mas a suspeita é que ação seja de pessoas de outros estados, especialmente de São Paulo.


 


Mesmo assim, a Polícia Federal de Santa Catarina informou ao G1 SC que a investigação esta sob responsabilidade da Polícia Civil e que o apoio se dá com peritos e papiloscopistas.


 


"Sabemos que esse tipo de ação é proveniente de fora do Estado, não de facção criminosa, não se tem apontamento algum que seja ação de facção criminosa, mas individuo que são assaltantes, alguns já conhecidos do mercado, partindo do Estado de São Paulo, e que possivelmente sejam responsáveis por algumas das ações mais violentas do Brasil nos últimos anos", afirmou Cruz.


 


Perícia


 


Os carros usados pelos criminosos vão passar por perícia. Ao menos três deles tinham registro de furto em São Paulo.


 


"Já foi feita uma perícia externa. Antes de trazer os carros do local para cá, a gente já realizou uma perícia externa e estamos aguardando terminar o trabalho lá no banco. Assim que terminar o trabalho lá, aquela equipe se desloca para cá para complementar a perícia interna dos veículos”, explicou o perito-geral.


 


Foram encontradas manchas de sangue em dois carros. “Tem dois veículos, principalmente um ali que não era blindado. Ele foi alvejado durante a fuga ou durante a ação do crime e quem estava conduzindo foi atingido. Tem bastante sangue ali dentro do veículo. E tem mais um outro veículo também com manchas de sangue. A gente não sabe se foi o condutor daquele veículo que mudou para o outro veículo, mas nós coletamos também esse vestígio biológico que será encaminhado para o nosso laboratório central para que a gente consiga extrair o perfil genético e tentar colocar no banco de dados nacional para tentar descobrir quem foi o autor desse delito”, afirmou Giovani Adriano.


 


Sobre a perícia dentro da agência bancária alvo do roubo, o perito-geral disse que foi encontrado "uma série de vestígios biológicos, que estão sendo armazenados". Impressões digitais também foram achadas.


 


Com todas os vestígios encontrados no banco, o IGP monta a dinâmica do crime, que será divulgada futuramente em um laudo policial.


 


“O que a gente pode adiantar é que não foi em caixa eletrônico, foi num depósito onde estavam os papéis-moeda. Arrombaram algumas portas com a utilização de explosivos, de maçaricos e adentraram no depósito do banco", afirmou o perito-geral.


 


Crime planejado


 


O IGP acredita que os envolvidos no assalto já estavam na região de Criciúma.


 


“A gente tem uma expectativa que eles já estavam aqui na região pelo menos há três meses se organizando para praticar esse crime", disse o perito-geral do IGP, Giovani Eduardo Adriano.


 


O delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Koerich, também falou na tarde desta terça sobre o planejamento feito pelos criminosos. “Obviamente que este crime que aqui aconteceu também teve um tempo de maturação, vamos assim dizer, e, com isso, lograram êxito na busca de informações. Por quê? As pessoas que fazem do crime o seu meio de vida acabam por se misturar com as pessoas locais, com os moradores locais e, desta forma, obtendo informações da rotina de comércios e agências bancárias, dos cidadãos de bem para depois poderem lograr êxito através do repasse de informações na ação delituosa”.


 


Sobre a investigação, o delegado-geral afirmou que elas começaram assim que se teve notícia de que ocorria o assalto.


 


“Desde a madrugada de hoje [terça], quando o crime estava sendo cometido, nós já iniciamos a troca de informações não só entre as unidades do estado de Santa Catarina, quer entre agências estaduais e federais, mas também entre agências de outros estados e que visam, obviamente, a busca da identificação e a troca de informação que nos leve à identificação dos autores do crime”.


 


De acordo com o delegado Anselmo Cruz, da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), o assalto é o de maiores proporções já ocorrido no estado.


 


"Se tornou algo inédito pelo tamanho da ação, pelo menos 30 criminosos, 10 veículos, com farto armamento pesado [...] Não temos dúvida que a ação que foi bem arquitetada, a ação criminosa foi feita com muito planejamento, com muito preparo, por conta dessa logística toda", disse.


 


Assalto em Criciúma


 


Uma quadrilha usou o Centro de Criciúma para assaltar um banco entre o fim da noite desta segunda-feira (30) e início da madrugada desta terça-feira (1º).


 


O grupo fortemente armado invadiu a tesouraria regional de um banco, provocou incêndios, bloqueou ruas e acessos à cidade, usou reféns como escudos e atirou várias vezes. Um PM e um vigilante ficaram feridos. A Polícia Militar acredita que dois criminosos tenham se ferido também.


 


RESUMO


Cerca de 30 pessoas encapuzadas assaltaram uma agência do Banco do Brasil no Centro de Criciúma às 23h50 de segunda-feira (30). A ação durou 1 hora e 45 minutos.


Pessoas foram feitas reféns e cercadas por criminosos; houve bloqueios e barreiras para conter a chegada da polícia.


Um PM e um vigilante ficaram feridos. Ninguém morreu. O PM precisou passar por cirurgia.


Criminosos fugiram, e parte do dinheiro ficou espalhada pelas ruas. Valor levado e abandonado não foi calculado até as 7h30.


Quatro moradores foram detidos após recolherem R$ 810 mil que ficaram jogados no chão devido a explosão durante o assalto.


Criminosos também deixaram 30 quilos de explosivos para trás. Polícia não sabe o total utilizado.


10 carros usados no assalto foram apreendidos em um milharal de uma propriedade privada em Nova Veneza, a noroeste de Criciúma. Nove deles eram blindados. Segundo o Instituto Geral de Perícias (IGP), os veículos foram pintados de preto para camuflar.


A PM, baseada em manchas de sangue encontradas em dois carros, calcula que dois criminosos tenham se ferido


Em nota, o Banco do Brasil disse que funcionários não foram feridos, que não há previsão para reabertura da agência e que não informa "valores subtraídos durante ataque às suas dependências".


 


Fonte: G1 SC



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